Quem sou eu

Minha foto
Economista pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Possui cursos de extensão pela Fundação Getúlio Vargas em Fundamentos de Estatística Descritiva e Probabilidade, Gestão de Preços, Consultoria em Investimentos Financeiros, Balanced Scorecard, Finanças Empresariais, Introdução ao Mercado de Ações a Vista, Administração Financeira / Decisões sobre Investimentos e Financiamentos, Direito Bancário, Gestão de Crédito e Risco, Direito do Seguro e Resseguro, Gestão Estratégica em Negócios Bancários, Teoria Econômica do Setor Público, Contabilidade Financeira, Projetos de Investimento Social e Série Estratégica em Finanças. Possui Certificação pela Associação Nacional dos Bancos de Investimentos CPA 10 e CPA 20. É Agente Autônomo de Investimentos credenciado pela Comissão de Valores Mobiliários do Brasil (CVM), certificado pela Associação Nacional das Corretoras e distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários, Câmbio e Mercadorias (Ancord). E-MAIL: daguiarsilva@uol.com.br

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Em que afeta a taxa básica de juros?

              Sempre que o governo reduz (aumenta) os meios de pagamento, há uma tendência de elevação (redução) da taxa de juros, porque a oferta de crédito se contrai (se expande). Assim sendo, pode-se dizer que o papel da taxa de juros é fundamental no processo decisório dos agentes econômicos.
Enquanto consumidor, a variação da taxa de juros afeta os três agentes: famílias, empresas e governo. Desta forma, analisar-se-á como se dá esse processo.
              No Brasil a “taxa básica” de juros é a taxa Selic, que regula as operações diárias com títulos públicos e é fixada periodicamente pelo Comitê de Política Monetária, o Copom. A partir de 1999, a taxa Selic passou a ser divulgada acompanhada de um “viés” que pode ser neutro, de baixa ou de alta. O viés de baixa, por exemplo, significa que os juros poderão cair antes mesmo da próxima reunião do Copom, o inverso ocorrendo com o viés de alta.
              No âmbito familiar, a variação da taxa de juros afeta as decisões do consumo de duas maneiras: na disposição de adquirir um determinado bem a prazo (taxa de juro mais alta = prestações maiores) e na decisão entre consumir e poupar (juros elevados aumentam a propensão a poupar e reduzem a propensão a consumir).
              Em termos corporativos, uma menor taxa de juros estimula os gastos das firmas em plantas e equipamentos, considerando que a taxa de juros é um dos principais custos de qualquer projeto de investimento. Se uma firma toma recursos em empréstimos, tem que pagar por eles à taxa de juros em vigor. Se a firma utiliza recursos próprios, a taxa de juros ainda assim representa um custo: cada unidade monetária gasta em plantas e equipamentos poderia ter sido dada em empréstimo a alguém à atual taxa de juros. Dessa forma é contundente asseverar que a taxa de juros é o custo de oportunidade dos recursos próprios da firma quando são gastos em plantas e equipamentos.
              Ao decidir sobre investimento em plantas e equipamentos, as firmas comparam o benefício do projeto – o aumento da receita no futuro – com o seu custo. Com uma taxa de juros menor, os custos de financiamento de projetos de investimentos são menores, por isso mais deles acabam em andamento. Há outras variáveis que afetam os gastos de investimento. Para qualquer dessas variáveis, uma queda da taxa de juros levará a um maior gasto em plantas e equipamentos.
              As variações da taxa de juros também afetam na aquisição de imóveis residenciais construídos por empreiteiras ou indivíduos. A maioria das pessoas toma empréstimos para pagar suas casas ou apartamentos e a maioria das empreiteiras toma empréstimos para a construção de prédios de apartamentos. O contrato de empréstimo para financiamento habitacional é chamado hipoteca e as taxas de juros hipotecários se movem junto com a taxa básica de juros da economia. Assim quando a taxa básica é reduzida, no caso do Brasil, pelo Copom, as famílias têm maior facilidade para comprar imóveis residenciais e a construção de novos prédios passa a ser mais lucrativa para as construtoras. O investimento total em novos imóveis residenciais aumenta.
              Finalmente, alem dos gastos de investimento, a taxa de juros afeta os gastos de consumo em itens de maior valor como carros, móveis e eletrodomésticos. Denomina-se essas mercadorias de bens de consumo duráveis porque costumam durar muitos anos. As pessoas muitas vezes tomam empréstimos para a compra de bens de consumo duráveis, e as taxas de juros cobradas tendem a subir e a descer também juntamente com a taxa básica e as demais taxas de mercado. Os gastos em carros novos, o bem de consumo durável mais caro que a maioria da população costuma adquirir, são especialmente sensíveis às variações da taxa de juros. Quando a taxa cai, os gastos de consumo tendem a aumentar para qualquer que seja o nível de renda disponível. Dentro da teoria macroeconômica, diz-se, nesse caso, que há um deslocamento da função de consumo e não um movimento ao longo dela. Denomina-se assim esse impacto sobre o consumo um aumento do “gasto autônomo” de consumo. Ratificando o que foi inicialmente registrado, pode-se então afirmar que o impacto da política monetária (alteração da taxa de juros) para o consumidor ocorre da seguinte maneira: quando o Banco Central aumenta a oferta de dinheiro, a taxa de juros cai e aumenta-se os gastos nas três categorias de bens – plantas e equipamentos, imóveis residenciais e bens de consumo duráveis (principalmente automóveis). Quando o Banco Central diminui a oferta de dinheiro, a taxa de juros aumenta e os gastos nessas categorias reduzem.
              Após discorridas todas as informações acima, pode-se concluir que a taxa de juros tem enorme importância no cotidiano do consumidor – seja ele família, empresa ou governo. Da mesma forma também a taxa de juros tem um impacto enorme sobre a economia nacional, já que a política monetária, que altera a taxa sempre que necessário, induz maiores ou menores gastos, o que tende a impactar diretamente no Produto Interno Bruto (PIB) do país.
              Verificou-se também que a taxa de juros corrente está intrinsecamente correlacionada à disponibilidade dos meios de pagamento, uma vez que quando estes estão mais escassos, há uma elevação da taxa e uma substancial redução da disponibilidade de crédito, e o contrário ocorre quando os meios de pagamento estão abundantes.

(DANIEL AGUIAR)

REFERÊNCIAS:

•    LANZANA, Antônio Evaristo Teixeira. Economia Brasileira. São Paulo: Atlas, 2005.
•    HALL, Robert E. Macroeconomia: Princípios e Aplicações. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003.
•    LOPES, Luiz Martins; VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de (Org.). Manual de Macroeconomia: Nível Básico e Nível Intermediário. São Paulo: Atlas, 2000.

Nenhum comentário:

Postar um comentário