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Economista pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Possui cursos de extensão pela Fundação Getúlio Vargas em Fundamentos de Estatística Descritiva e Probabilidade, Gestão de Preços, Consultoria em Investimentos Financeiros, Balanced Scorecard, Finanças Empresariais, Introdução ao Mercado de Ações a Vista, Administração Financeira / Decisões sobre Investimentos e Financiamentos, Direito Bancário, Gestão de Crédito e Risco, Direito do Seguro e Resseguro, Gestão Estratégica em Negócios Bancários, Teoria Econômica do Setor Público, Contabilidade Financeira, Projetos de Investimento Social e Série Estratégica em Finanças. Possui Certificação pela Associação Nacional dos Bancos de Investimentos CPA 10 e CPA 20. É Agente Autônomo de Investimentos credenciado pela Comissão de Valores Mobiliários do Brasil (CVM), certificado pela Associação Nacional das Corretoras e distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários, Câmbio e Mercadorias (Ancord). E-MAIL: daguiarsilva@uol.com.br

domingo, 25 de dezembro de 2011

Como funciona a Poupança no Brasil


Por Daniel Aguiar

Alguns leitores têm me questionado bastante sobre as regras e funcionamento da Poupança no Brasil. Dessa forma, resolvi redigir as informações abaixo para esclarecer algumas dúvidas.

A princípio, é importante salientar que toda aplicação financeira está sujeita a algum tipo de risco. Para minimizar os riscos, é importante que o investidor procure conhecer a fundo quais são as variáveis econômicas, políticas, mercadológicas, etc. que podem influenciar no produto de investimento.

Os bancos comerciais mais tradicionais no Brasil oferecem a conta poupança, e conforme normas do Banco Central do Brasil (BC) os bancos não podem cobrar taxas de manutenção dessa conta. A poupança é a aplicação mais comum dos brasileiros por ser uma conta de fácil acesso e de fácil manuseio, porém, existem aplicações ainda melhores, de acordo com o perfil de cada investidor.

Um dos pontos negativos da poupança é que aplicações com prazo inferior a um mês não recebem nenhum tipo de remuneração, ou seja, não há remuneração proporcional aos dias aplicados. Se o investidor aplicar qualquer valor pelo prazo de 29 dias, ele não receberá nenhuma remuneração. Se a aplicação for de 1 mês e 29 dias, ele receberá a remuneração de apenas 1 mês.

Os valores aplicados na conta poupança são remunerados pela Taxa Referencial (TR) mais um adicional de 0,5% ao mês (percentual sempre certo). Isso vale para todo e qualquer banco no país. Ou seja, a poupança do “Banco A” não remunera mais do que a poupança do “Banco B” – nesse quesito os bancos são todos iguais.

A TR é calculada diariamente. Para se ter um exemplo prático, a TR do dia 22/12/2011 foi de 0,0932%. Dessa forma, os depósitos em poupança que foram remunerados no dia 22/12/2011 obtiveram o seguinte retorno: 0,0932 + 0,5 = 0,5932%. Quem tinha R$ 10.000,00 aplicados e remunerados nesse dia recebeu em sua conta o valor de R$ 59,32. Para ter acesso à tabela atualizada da TR, o poupador pode consultar o link: http://www.portalbrasil.net/tr_diaria.htm .

INTERESSANTE: Como a TR é SEMPRE variável e a poupança tem todo mês garantidos os 0,5% de juros, para se fazer um cálculo rápido de quanto um depósito terá de rentabilidade mínima no mês, basta dividir o valor da aplicação por 200 – por exemplo: R$ 1.000.000,00 depositados na conta poupança renderão, NO MÍNIMO, R$ 5.000,00 por mês (1.000.000,00 ÷ 200). Fazendo esse cálculo, numa situação em que a TR for igual a zero, como ocorreu em 10/02/2011, o investidor receberá no pelo menos os R$ 5.000,00 no mês.

Um dos benefícios da conta poupança é que, POR ENQUANTO, ela é ISENTA de Imposto de Renda (IR), mas já há propostas do governo em taxá-la. Outro benefício é a liquidez, pois o aplicador pode sacar os recursos depositados na poupança a qualquer momento que desejar.

Quanto à segurança das aplicações da conta poupança, todas elas são garantidas pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC) até a quantia de R$ 70.000,00 por banco / por CPF. Ou seja, se o investidor possuir R$ 700.000,00 aplicados em 10 bancos diferentes, distribuídos R$ 70.000,00 em cada banco, ele possuirá a garantia total dos seus R$ 700.000,00. Mas caso ele tenha aplicado esse montante no “Banco A” e esse banco venha a falir, ele receberá apenas R$ 70.000,00 do FGC, ficando no prejuízo de R$ 630.000,00. Essa regra somente não se aplica à poupança da Caixa Econômica Federal (CEF), que tem 100% de garantia pelo Governo Federal. Dessa forma, pode-se dizer que a poupança da CEF é a mais segura do Brasil.

Mas se a poupança remunera apenas após um mês de aplicação, o poupador pode realizar depósitos nos dias 29, 30 e 31? Sim, normalmente! Porém, o investidor somente receberá seus rendimentos no dia 1º após o aniversário da poupança, que será a base do cálculo do rendimento.

Caso o depósito na poupança seja feito em cheque, mesmo que ele leve 2 dias ou mais para compensar na conta do cliente, a aniversário considerado será o dia do depósito do cheque, e não o dia da compensação do mesmo.

As informações mais importantes e esclarecedoras sobre a poupança são essas acima. Porém, é sempre importante o investidor buscar conhecer melhor os produtos de investimentos disponíveis no mercado financeiro, principalmente aqueles que remuneram o capital aplicado diariamente e ainda possuem retornos melhores do que a poupança.

Mas com certeza existem opções melhores do que a poupança, que abordarei nesse blog.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Sobre a Mega-Sena da Virada e a "pseudo-humildade"


Por Daniel Aguiar

Mais um evento da Mega-Sena da Virada se aproxima e, não obstante, os comentários, desejos e expectativas dos apostadores são sempre os mesmos todos os anos. Um dos maiores sonhos de todos os brasileiros é, sem dúvida, acertar as seis dezenas sorteadas e rechear sua (s) conta (s) bancária (s) com alguns milhões de reais.

Em primeiro lugar, por questão conceitual, deve-se entender por loteria um grande consórcio financeiro (que nem todos são contemplados) em que vários apostadores apostam pouco (R$ 2,00 no caso da Mega-Sena brasileira) e correm o risco de mudar para sempre suas vidas. Mas como nem tudo é tão fácil, vale destacar que a probabilidade de acerto nessa loteria é de 1 chance em 50.063.860 para quem aposta 06 dezenas. Ou seja, em termos percentuais, isso equivale à chance aproximada de 0,000001997%!!! Daí percebe-se a grande dificuldade de se acertar o jogo.

É importante considerar que você pode perder facilmente a totalidade do capital colocado (R$ 2,00), afinal, quantos premiados pela Mega-Sena você conhece? Por esse motivo, interessante é entender que você está apostando em um jogo que paga um prêmio excessivamente grande se comparado ao nível de renda dos brasileiros. 

A estimativa da Caixa Econômica Federal para a Mega da Virada desse ano é que o prêmio atinja R$ 170.000.000,00, número que eu particularmente acredito que será superado em aproximadamente 20%. Essa quantia, se aplicada na poupança, que é a aplicação mais tradicional no país mas que remunera muito pouco, renderá ao apostador no mínimo R$ 850.000,00 por mês (basta dividir o valor aplicado por 200 para saber o mínimo pago pela poupança).

Sou estudioso de loterias e um fato bastante interessante que percebo nas pessoas é que elas são falsas com elas próprias ao fazer apostas! Em filas de loterias o que mais se ouve são as pessoas dizendo: “...R$ 100.000,00 para mim já é o suficiente...”, “...nem precisava disso tudo...”. Ora, o apostador está apostando em um jogo que pagará R$ 170.000.000,00 e quer ganhar apenas R$ 100.000,00. Logicamente, falam isso na crença de que haverá um “ato divino” que notará sua ‘suposta humildade’ e concederá a ele toda essa bolada sozinho. O apostador que pretende receber R$ 100.000,00 em uma loteria que está pagando R$ 170.000.000,00 deve ganhar com mais 1699 apostadores o prêmio principal – fato que nunca na história das loterias mundiais ocorreu. Ademais, se se pretende ganhar apenas R$ 100.000,00, existem loterias mais fáceis que pagam essa faixa, como por exemplo, a Lotofácil. Quem aposta na Lotofácil gasta 37,5% a menos do que o apostador da Mega-Sena e tem 15 vezes mais de chance de levar o prêmio principal, que pela facilidade, chega muito próximo aos pretendidos R$ 100.000,00.

Portanto, não se iluda que se passando por simples e humilde haverá ato divino a seu favor porque ganhar essa loteria é sonho de milhares, mas os dados mostram que na história da Mega-Sena o número máximo de ganhadores que dividiram o prêmio de um mesmo concurso foi 15 em 14/01/2004. Mesmo assim se ainda quiser ganhar R$ 100.000,00 no prêmio principal da Mega-Sena, jogue SEMPRE apenas as dezenas 01, 02, 03, 04, 05 e 06 e torça para elas serem extraídas, pois dessa forma você poderá até levar menos, já que não precisa de tanto dinheiro...

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Psicologia revela propensão a dar calote; teste seus hábitos


TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO

Você fuma ou bebe mais do que quatro doses ao dia? Acredita que presentear a sogra é artigo de primeira necessidade (jamais um luxo)? Então, você tem mais chance de ter o nome incluído na Serasa ou no SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) do que quem respondeu não.

As conclusões fazem parte de uma tese de doutorado defendida neste ano na USP, que propõe uma metodologia de análise de crédito com base em variáveis psicológicas.
Se a pessoa costuma ir ao shopping (para espairecer) após uma semana tumultuada no trabalho ou esconde a fatura do cartão de crédito do cônjuge (para não revelar o valor de quanto paga por algumas compras), as chances de ter o nome na lista de maus pagadores aumenta mais.

Mesmo quem sempre paga as faturas do cartão em dia não atenua em nada o problema se achar que, aconteça o que acontecer, sempre conseguirá se safar dos apuros.

"O excesso de otimismo e de confiança é uma das principais marcas das pessoas com risco de crédito", disse Pablo Rogers, autor do estudo, que venceu o Prêmio Revelação em Finanças do Ibef-SP (Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças).

APLICAÇÃO

No trabalho, Rogers propõe um modelo alternativo de questionário, inspirado nos estudos da psicologia econômica, para os bancos predizerem o risco de calote dos clientes.

Hoje, as instituições financeiras analisam o risco de calote com base em variáveis estatísticas de natureza socioeconômica --como idade, renda, anos no mesmo trabalho e posse de imóvel próprio.

O teste psicológico foi aplicado em mil pessoas no Estado de Minas Gerais, onde mora Rogers, que responderam a perguntas como "eu já senti que as pessoas ficariam horrorizadas se soubessem de meus hábitos de consumo" ou "já me senti ansioso ou nervoso nos dias em que não fiz compras".

"Para as pessoas comuns, essas perguntas fazem mais sentido do que as variáveis socioeconômicas e de tempo no mesmo trabalho. E funcionam; dizem muito a respeito da propensão de pagamento dessas pessoas", disse.
Editoria de Arte/Folhapress
De acordo com as respostas, os entrevistados foram classificados em uma escala de menor para maior propensão de não pagar dívidas. Os resultados foram depois confrontados com a situação cadastral de cada entrevistado nos serviços de proteção ao crédito. Segundo Rogers, compradores classificados como "compulsivos" apresentaram maior probabilidade de se encontrar no grupo de inadimplentes.

Indivíduos que consideravam presentear crianças ou amigos em datas comemorativas como uma "necessidade", mesmo que muitas pessoas achem que isso é um luxo, tinham mais chance de se encontrar no grupo de maus pagadores.

Pessoas com problemas de autocontrole, identificados pelos hábitos de fumar ou beber excessivamente, também tinham mais probabilidade de dar calote.

domingo, 6 de novembro de 2011

A indústria das microfinanças



Entende-se como microfinanceira qualquer tipo de instituição que oferece crédito e outros serviços financeiros a microempreendimentos, ou seja, empresas formais ou informais com até dez trabalhadores. O valor do empréstimo médio para uma carteira de microfinanças, no Brasil, tende a girar em torno de R$1.000,00; podendo variar entre R$100,00 e R$10.000,00. No ano de 1999, por exemplo, o empréstimo médio das carteiras de microfinanças foi de R$1.100,00 nas operações apoiadas pelo BNDES.

As instituições de microfinanças podem ter várias formas jurídicas: SCM – sociedade de crédito ao microempreendedor –, ONG – organização não governamental sem fins lucrativos –, cooperativa de crédito, financeira, ou banco.

O gerenciamento de uma instituição de microfinanças é baseado em três princípios chaves...

1 –   Análise de crédito feito com base no perfil do tomador de crédito, utilizando informação sobre o negócio, recolhida in loco, bem como o fluxo de caixa familiar.
2 –   Gestão rigorosa de carteira, visando a um indicador de inadimplência, contada a partir de um dia de atraso, que não ultrapasse 5% da carteira em risco.
3 –   Procedimentos operacionais que permitam a máxima redução nos custos de transação.


Fonte
BNDES. A indústria das microfinanças. Disponível em: <http://www.bndes.gov.br/conhecimento/microfin/09sisinf.pdf>. 

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

A capitalização dos juros e o conceito de anatocismo


Os fatos

Há muitos anos se discute neste país a legitimidade do cálculo de juros compostos nas operações de empréstimos ou de financiamentos. A alegação principal é que o Decreto 22.626, de 7 de abril de 1933, proibiria essa prática, o qual, no seu artigo 4º, estabelece que é proibido contar juros dos juros. E é com base nesse texto, copiado literalmente do art. 253 do Código Comercial Brasileiro de 1850, que muitos entendem que não se pode adotar o critério de capitalização composta, ou juros compostos, ou juros capitalizados, ou ainda juros sobre juros, caracterizado no mundo jurídico como anatocismo. Antes de me estender sobre esse polêmico assunto, é muito importante fazer algumas considerações sobre os conceitos básicos da matemática financeira.

Conceitos básicos de matemática financeira e sua aplicação no mundo

Os conceitos de juros simples e compostos são universais e dizem respeito ao processo de formação dos juros. No cálculo dos juros simples, a taxa de juros incide sobre o capital inicial, e somente sobre o capital inicial; no caso dos juros compostos, a taxa de juros incide sobre o capital inicial e também sobre os juros que vão se acumulando periodicamente – dia, mês, trimestre ou ano. Os juros resultantes da aplicação de qualquer um desses dois critérios é o valor devido no final do período contratado, o qual pode ser pago ou incorporado ao capital inicial para a formação de novos juros, conforme vontade firmada entre as partes. Para melhor entendimento dessa questão, vamos admitir o seguinte exemplo...

Calcular o montante de um empréstimo – ou de uma aplicação – de R$1.000,00; contratado a uma taxa de juros de 5% ao mês para ser quitado de uma só vez no final de 4 meses.

O montante ou valor de resgate será de R$1.200,00 se o critério de cálculo estabelecido entre as partes for o de juros simples, e R$ 1.215,51, se o critério firmado for o de juros compostos. Este modelo é chamado de pagamento único, em contrapartida aos modelos que envolvem dois ou mais pagamentos. O critério de juros simples tem aplicação extremamente limitada no mundo, utilizado somente para operações financeiras de curto prazo, de até 12 meses, em que o capital inicial e os juros são pagos de uma só vez no vencimento. A grande maioria dos países do mundo – toda Europa, o continente asiático, os Estados Unidos e a maior parte da América do Sul - adota esse critério por costume ou tradição. Nesses países, a taxa de juros é sempre informada para o período de um ano; e como essa taxa deve estar escrita no contrato, é chamada de taxa nominal. Assim, para um empréstimo a ser pago no final de 3 meses, contratado a uma taxa de juros de 10% ao ano, a taxa para o período é de 2,5%, ou seja, 10% / 12 x 3. No Brasil, a utilização desse critério no mercado financeiro é muito restrita; comumente é usado por leigos e semileigos nos pequenos negócios, e, por essa razão, chamado de cálculo de padaria.

Em se tratando de empréstimos – ou financiamentos – para quitação em duas ou mais prestações, iguais ou diferentes, o mundo inteiro utiliza o critério de juros compostos ou de capitalização composta; idêntico procedimento é adotado para todas as modalidades de aplicações periódicas de recursos, como cadernetas de poupança, fundos de investimentos em renda fixa, fundos de previdência e outros. Nos casos de empréstimos ou financiamentos para pagamento em parcelas iguais, cujo sistema de cálculo apenas no Brasil é conhecido por Sistema Price ou simplesmente Tabela Price, o valor das prestações é obtido com base no critério de juros compostos. E esse fato pode ser facilmente comprovado, visto que a fórmula utilizada para o cálculo das prestações está demonstrada na maioria dos livros de matemática financeira. Não tenho conhecimento de um único país no mundo que adote juros simples para este tipo de cálculo.

O que é anatocismo

De acordo com ampla pesquisa que realizei, anatocismo nada tem a ver o critério de formação dos juros a serem pagos – ou recebidos – numa determinada data; ele consiste na cobrança de juros sobre juros vencidos e não pagos, exatamente como conceituado no Novo Dicionário Brasileiro. E como a legislação brasileira foi inspirada nas leis dos países europeus como a França, Portugal, Alemanha, Itália, Espanha e Holanda, entendo ser importante transcrever o conceito de anatocismo contido no Código Civil português, que endossa plenamente o nosso entendimento...

Art. 560 – Para que os juros vencidos produzam juros é necessária convenção posterior ao vencimento; pode haver também juros de juros, a partir da notificação judicial feita ao devedor para capitalizar os juros vencidos ou proceder ao seu pagamento sob pena de capitalização. Só podem ser capitalizados os juros correspondentes ao período mínimo de um ano.

No Código Civil italiano encontramos entendimento semelhante...

Art. 1282 – Na falta de uso contrário, os juros vencidos só podem produzir juros do dia do pedido judicial, ou por efeito de convenção posterior ao seu vencimento, e sempre que trate de juros devidos pelo menos por 6 meses.

E no Código Civil francês, conhecido também por Código de Napoleão, considerado pela maioria dos grandes juristas como o pai de todos os códigos, o entendimento não é diferente...

Art. 1154 – Os juros vencidos dos capitais podem produzir juros, quer por um pedido judicial, quer por uma convenção especial, contando que, seja no pedido, seja na convenção, se trate de juros devidos, pelo menos, por um ano inteiro.

Com base nessas evidências podemos deduzir que o art. 253 de nosso Código Comercial editado em 1850, copiado literalmente no art. 4º do Decreto 22.626 de 7 de abril de 1933, foi mal copiado ou mal traduzido. Esse artigo tem a seguinte redação: É proibido contar juros dos juros; esta proibição não compreende a acumulação de juros vencidos aos saldos liquidados em conta corrente de ano a ano. Observa-se claramente que primeira frase deveria ser: É proibido contar juros dos juros vencidos, ou ainda, É proibido calcular juros sobre juros vencidos.

Existência do anatocismo e a prática dos juros compostos

Entendido o anatocismo tal como foi caracterizado, ele somente existiria se após o vencimento de uma operação o credor cobrasse juros sobre os juros vencidos e não pagos. Vamos esclarecer melhor essa questão com o exemplo de um empréstimo de R$1.000,00 para ser quitado por R$1.225,00 no final de 9 meses. O anatocismo somente ocorreria se após o vencimento, e num prazo inferior a 12 meses, o credor cobrasse juros também sobre os juros de R$ 225,00.

É importante também observar a seguinte questão: o que muda para o devedor ou credor saber, que no exemplo mencionado, a operação custa 2,5% ao mês se calculada a juros simples ou 2,28% se calculada a juros compostos? Para efeitos legais, os dados relevantes são o valor do empréstimo, o valor de resgate e o vencimento; entendo que o critério utilizado para obtenção do valor dos juros é absolutamente secundário.

Vamos mostrar que nos casos de empréstimos ou financiamentos para pagamento em parcelas iguais o anatocismo também não existe. Para melhor entendimento vamos considerar o exemplo de um empréstimo de R$1.000,00 contratado a uma taxa de juros de 5% ao mês, para ser quitado em 4 prestações mensais de R$282,01, sendo este valor calculado com base no conceito de juros compostos, ou, como afirmam os entendidos, obtido com a utilização da Tabela Price. O quadro a seguir, bastante conhecido, vai nos ajudar no esclarecimento dessa questão.

prazo
saldo devedor
valor da amortização
valor dos juros
valor das prestações
0
1.000,00
-
-
-
1
767,99
232,01
50,00
282,01
2
524,38
243,61
38,40
282,01
3
268,59
255,79
26,22
282,01
4
0,00
268,59
13,42
282,01
TOTAL

1.000,00
128,04
1.128,04

Através do quadro podemos verificar que o valor dos juros devidos no primeiro mês, de R$ 50,00, igual a 5% sobre o saldo devedor inicial de R$ 1.000,00, é integralmente pago; no mês seguinte a taxa de juros incide somente sobre o saldo devedor de R$ 767,99 que nada contém de juros, e assim sucessivamente. É fácil verificar que, ao se efetivar os pagamentos de cada uma das prestações nos respectivos vencimentos, os juros devidos são integralmente pagos, e portanto, nada restará de juros para o mês seguinte. Dessa forma, comprova-se que não ocorre o anatocismo.

Considerações finais

É importante entender que o critério de juros compostos não é bom e nem ruim: ele é absolutamente neutro em relação às partes. Do ponto de vista matemático ele é perfeito, coerente e consistente para qualquer taxa de juros e para qualquer prazo. Caso, por absurdo, fosse proibido pela justiça brasileira, colocaríamos na marginalidade todos os planos de aplicação de recursos em cadernetas de poupança, fundos de investimentos em renda fixa, fundos de previdência, títulos de capitalização, fundo de garantia por tempo de serviço – FGTS –, e também, todos os contratos de empréstimos ou financiamentos em prestações iguais ou diferentes. E não é só isso: decretaria a nulidade de todos os livros de matemática financeira existentes e de todos estudos econômicos e financeiros elaborados. Em suma, decretaria a extinção uma ciência conhecida, respeitada e utilizada no mundo inteiro, o que, sem a menor sombra de dúvida, colocaria a justiça brasileira numa situação extremamente desconfortável perante o mundo. Mas, como já mencionamos, isso seria um absurdo!


Fonte
VIEIRA SOBRINHO, José Dutra. A capitalização dos juros e o conceito de anatocismo. Disponível em: <http://www.sindecon-esp.org.br/arq_sys/neodownload//anatocismo020904.pdf>. 

Intuição nas decisões de investimento


Assim como no futebol e na política, muitas vezes as decisões de investimento são feitas a partir de visões apaixonadas e dogmáticas, onde impera tudo, menos a racionalidade econômica. Os trabalhos dos estudiosos das finanças comportamentais nos dão importantes pistas de como os indivíduos tomam suas decisões, descrevendo comportamentos particularmente danosos no processo de escolha de investimentos. Vejamos alguns exemplos:

  • Autoconfiança excessiva: em um grupo de pessoas, pergunte, por exemplo, como elas se vêem em termos de habilidade como motoristas. Não se surpreenda se algo como 80-90% se acharem melhores do que o motorista mediano! A menos que estejamos diante de pilotos capazes de impressionar o Jean Todt, da Ferrari, esse resultado é estatisticamente pouco provável. Tal descrição demonstra como muitas pessoas se consideram dotadas de habilidades superiores à sua real capacidade. O prezado leitor deve conhecer alguém que se considera um ás dos investimentos, que "sempre" compra os "cavalos ganhadores", certo? Esse tipo de postura é excelente para o ego, porém, em geral é desastrosa com relação aos investimentos.

  • Subestimação de resultados adversos: algumas pesquisas mostram resultados que saltam aos olhos. Eventos que as pessoas classificam como "impossíveis", ocorrem em 10% a 15% das vezes. Outro dado interessante é o de uma pesquisa mostrando que 80% dos novos empreendedores acham que suas chances de sucesso no novo negócio eram de "no mínimo" 70%. Os fatos, no entanto, indicam uma taxa de sucesso muito diferente. Estima-se que apenas 33% das firmas continuam existindo após cinco anos no negócio! Trazendo para o nosso campo, não é incomum encontrar pessoas, incluindo profissionais de mercado, que flagrantemente subestimam os possíveis resultados adversos de suas decisões de investimentos.

  • Forma em que a situação se apresenta: como você se sentiria tomando um remédio que falhou com 20% das pessoas que o ingeriram? E se você estivesse tomando um remédio que curou 80% das pessoas que o usou? Você deveria ser indiferente nas duas situações, uma vez que a situação concreta é exatamente a mesma. No entanto, eu apostaria que a maioria das pessoas ficariam mais desconfortáveis se a pergunta fosse feita no primeiro formato.

É grande a tentação de ficar discutindo e mostrando exemplos de quão longe muitas pessoas estão de decisões puramente racionais. Porém, vamos evitar mais divagações e tentar extrair algumas lições úteis para o dia-a-dia da gestão de carteiras.

Investidores tendem a agir com excesso de segurança


Como já vimos, os investidores tendem a agir com viés otimista e excessivamente seguros de que controlam situações futuras cujo desfecho, na verdade, desconhecem. No processo de escolha dos investimentos, leve em conta todas as possibilidades, não confie apenas na intuição e não superestime a sua capacidade de "ler" o mercado. Por exemplo, diante da forte valorização das ações no ano passado, não foi difícil encontrar investidores que estavam aumentando suas posições em bolsa com argumentos do tipo "com certeza a aposta é ganhadora, o governo está muito bem e não vejo o que pode dar errado." Esse primeiro trimestre foi uma boa amostra de que várias coisas podem surpreender (escândalos políticos, atentados terroristas etc.).

Lembrem-se que esse mundo dos investimentos é composto por profissionais altamente capacitados e treinados para constantemente procurar as melhores alternativas de investimento, incorporando aos preços boa parte das informações e expectativas. Portanto, é algo muito raro encontrar "barganhas" no mercado e mais raro ainda ter "certeza" sobre o que vai acontecer. Encontrar boas oportunidades certamente requer um trabalho sério, disciplinado, consistente e periódico. As raras "barganhas" que aparecem normalmente escondem riscos que devem ser corretamente identificados e estimados, do contrário pode-se cair em armadilhas com resultados completamente diferentes daqueles esperados.

"Aprenda com os seus erros", óbvio não? Porém, uma das características identificadas nesses estudos de finanças comportamentais é que os indivíduos tendem a creditar para si os bons resultados e atribuir os fracassos a fatores exógenos, fora do seu controle. Isso faz muito bem ao ego, mas, no longo prazo, pode levar a resultados desastrosos, ao superestimar sua capacidade e subestimar os riscos de suas decisões. Uma saída para evitar esse tipo de comportamento é apoiar-se em dados objetivos sobre o investimento que se quer fazer, possuir um bom banco de dados e revisitar periodicamente as decisões tomadas, atualizando-as frente aos novos dados que se apresentam. Fazendo um paralelo, mesmo com experiência de vários anos de vôo, um piloto de avião sempre repassa o mesmo "check list" antes de decolar. Por que os que lidam com investimentos acham que podem se dar ao luxo de confiar apenas na intuição?

As boas decisões financeiras são aquelas tomadas racionalmente, de forma objetiva, cujo resultado deve ser independente da forma em que o problema se apresenta. Tente analisar as alternativas de forma fria, identificando exatamente quais os pontos determinantes para o comportamento futuro. Por exemplo, não é difícil encontrar situações em que os investidores (incluindo-se profissionais de mercado) mantiveram posições em determinados ativos quando estavam perdendo e/ou se desfizeram rapidamente delas quando estavam ganhando. Essa decisão deve ser independente do ganho ou prejuízo que você venha tendo, a análise deve se concentrar sobre os resultados esperados no futuro, não devendo haver nenhum tipo de "apego" à posição original.

Resumindo, bons investimentos não caem do céu. Achá-los demanda muito trabalho, disciplina, especialização profissional, identificação dos potenciais de risco e retorno das diversas alternativas, muita frieza e racionalidade na análise. Tudo isso é particularmente importante em mercados sem tendências definidas como o atual.

Fonte
FERRAZ, Charles. Intuição nas decisões de investimento. Valor Econômico, São Paulo, 26 abr. 2004. 

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Defeito 3D em finanças: Desinformação, Desinteresse e Desilusão



Por Conrado Navarro


Alguém deve saber o que faz quando entra em uma agência bancária. Quero dizer, entrar na agência com um propósito bem definido e conseguir resistir ao apelo das propagandas e das manobras pró-crédito dos terminais de auto-atendimento. Felizmente, acho que estou nesse grupo.
Agir assim significa valorizar a liberdade construida a partir de decisões de consumo conscientes. Comprar o necessário, pagar o possível, economizar e investir.Como vê, não há dependência em relação ao dinheiro (e expectativa) dos outros. 

Ser independente financeiramente traz muitas vantagens.Pena que a nossa liberdade de ir e vir sem depender de tanta coisa (chefe, trabalho, salário, data de vencimento, empréstimo etc.) para sustentar o padrão de vida é confundida com mesquinharia. Não por mal, é verdade, mas por conta do que chamo de Defeito 3D: Desinformação, Desinteresse e Desilusão.

desinformação tem raízes culturais e educacionais profundas, já conhecidas e lamentadas semanalmente em periódicos diversos. O desinteresse surge comojustificativa para manter as coisas como estão, no piloto automático, desde que algum conforto e consumo exista para satisfazer crises de identidade.

E a desilusãotorna a desinformação e desinteresse atraentes, um alento, alimentando o ciclo.Questões inevitáveis surgem dai:* Onde o ciclo do Defeito 3D começa?* Quem o começa? Quem é mais responsável por ele: o governo, o cidadão ou as instituições?* Estou disposto a sair da zona de conforto?Independência financeira é algo desejável em um país onde o consumo e a inclusão social por meio das posses só parecem ter começado para valer há poucos anos?



"Capitalism, oh yeah…"No fim, tudo se resume a encarar decisões como armadilhas ou atalhos. Para quem quer atingir a independência financeira, endividar-se significa tomar o caminho mais longo. Desviar-se dos planos pelo simples prazer de consumir acaba custando tempo, dinheiro e muitas realizações no futuro. Muitos dizem que compensa. 

Duvido.

Fonte: Você Mais Rico, em Você S/A

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

INDICAÇÃO DE LIVRO - Investindo em Small Caps: Um Roteiro Completo para se Tornar um Investidor de Sucesso

Essa minha indicação se faz necessária num momento em que o investidor precisa buscar novas empresas para investir, já que as tradicionais não têm agradado muito.

O livro ajuda o pequeno investidor a analisar o mercado de forma macroeconômica, dando vistas a estas empresas de menor porte, mas com bons expoentes de crescimento.

"Este livro é destinado ao investidor que pretende iniciar ou ampliar sua participação no mercado de ações, buscando ganhos consistentes com base nos métodos da análise fundamentalista que tornaram milionários alguns investidores. É indicado àqueles que estão dispostos a dedicar algum tempo e esforço para encontrar, antes do mercado, empresas excepcionalmente baratas, e aos gestores de clubes e fundos de investimento que pretendem melhorar a rentabilidade a médio e longo prazo.É recomendável àqueles que não conseguem obter sucesso sistemático nas operações de compra e venda de ações a curto prazo ou que pagaram preços absurdos em ofertas públicas iniciais de ações.É indispensável para o aprendizado da arte de efetuar as próprias análises de atratividade das empresas e auxiliar o investidor a se precaver das ondas especulativas que vitimam tantos desavisados."

O Autor 
Anderson Lueders é bacharel em Direito e funcionário público da Justiça Federal de Santa Catarina, com pós-graduações em Política Judiciária e Administração da Justiça, pela PUC-PR, e em Gestão Empresarial, MBA concedido pela Fundação Getulio Vargas. Investidor há 8 anos com ênfase em ações de pouca visibilidade, as small caps. Estuda os diversos movimentos desses ativos buscando detectar, antes do mercado, os motivos das valorizações futuras. Conhecido como Small Caps em fóruns de investimento, é autor do blog “Small Caps em busca do tesouro desprezado”, cujo foco é revelar aspectos da análise de empresas com baixo valor de mercado e comentar a evolução das participantes desse segmento.


Preços:

Mais barato: R$ 32,31 - SUBMARINO
Mais Caro: R$ 54,90 - LIVRARIA DA TRAVESSA.


quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Governo Dilma terá coragem de mexer nas regras da caderneta de poupança?



Mantega e Dilma
Mantega e Dilma: além de alterar a regra da poupança, é preciso explicá-la à população



São Paulo – Com a inesperada decisão do Banco Central de reduzir os juros, cresceram nos últimos dias, em Brasília, os rumores de que o governo estuda alterar a regra de remuneração da caderneta de poupança a partir do ano que vem. A mudança é condiçãosine qua non para a queda dos juros nominais a níveis recordes, como pretende a presidente Dilma Rousseff ao longo do seu mandato.
A poupança paga 0,5% ao mês mais a Taxa Referencial (TR). Na prática, a remuneração fica um pouco acima de 6% ao ano, e o investimento é isento de Imposto de Renda.
O assunto não é novo. Em meados de 2009, no auge da crise desencadeada pela quebra do Lehman Brothers, os juros nominais no Brasil chegaram ao piso recorde de 8,75%. Na ocasião, foi iniciado um amplo debate no governo Lula sobre as regras da caderneta de poupança.
O raciocínio é simples. Se a poupança garante pouco mais de 6% aos correntistas que têm caderneta, esse índice passa a ser o piso dos juros no Brasil. Caso o Banco Central reduza a taxa Selic, que remunera os títulos públicos, a níveis inferiores, haverá uma migração em massa para a poupança. Nesse contexto, quem financiaria o governo?
Entre as ideias que já vazaram estão a cobrança de Imposto de Renda das cadernetas e a mudança da remuneração da poupança de fixa para variável, conforme as oscilações da Selic.
Não há registro em economias maduras e estáveis de algo parecido com a nossa poupança. A regra em vigor é fruto de um passado inflacionário, cujo porto seguro para a população (principalmente a de baixa renda) se proteger da perda do poder de compra era a caderneta de poupança.
Em 2009, o debate foi abruptamente interrompido pelo jogo político-eleitoral. A oposição utilizou o fato para “denunciar” um suposto confisco na caderneta de poupança. Dado o trauma ainda vivo na memória de todos os brasileiros do lamentável episódio ocorrido no governo Collor, o presidente Lula imediatamente abortou a discussão para não fornecer armas aos adversários nas eleições de 2010.
Como os juros passaram a subir a partir de abril do ano passado, o assunto foi completamente esquecido. Agora, no entanto, o debate deverá ser retomado aos poucos, já que a tendência de queda dos juros ficou clara na última reunião do Banco Central e nos discursos da presidente Dilma Rousseff, que estaria disposta a segurar os gastos ao longo do mandato em troca de uma redução vigorosa da Selic.
Qualquer alteração nas regras da poupança precisará ser cuidadosamente estudada e, principalmente, divulgada para a população – ainda mais se o Brasil continuar vivendo com inflação acima de 5% nos próximos anos. Como explicar para a parcela mais carente que a “boa e velha” caderneta não “engorda” mais o dinheiro lá guardado? Em algum momento, se o país quiser ter juros alinhados com o padrão internacional, esse tema terá de ser abordado publicamente. Terá o governo Dilma coragem política suficiente para enfrentar esse desafio?
DISPONÍVEL EM: 

Livro Bege diz que economia dos EUA segue lenta


Montadora nos Estados Unidos
Montadora nos Estados Unidos: atividade econômica manteve um ritmo lento na maior parte dos EUA
Washington - A atividade econômica manteve um ritmo lento na maior parte dos EUA entre a segunda metade de julho e quase todo o mês de agosto, de acordo com o Livro Bege do Federal Reserve. Em algumas áreas houve queda considerável da atividade, em meio a uma desaceleração da produção industrial, um mercado imobiliário ainda fraco e o impacto do furacão Irene.



Entre os 12 distritos avaliados pelo banco central norte-americano, cinco divulgaram uma expansão "modesta ou leve". Os outros sete distritos relataram ou um crescimento lento, ou um cenário misto, ou atividade econômica mais lenta de modo geral.
"Vários distritos também indicaram que a recente volatilidade do mercado acionário e as crescentes incertezas econômicas levaram muitas das fontes consultadas a rebaixar ou adotar uma postura mais cautelosa em relação às suas perspectivas de curto prazo," disse o Fed.
Segundo o banco central, a economia dos EUA sofreu vários golpes nesse período. Discussões sobre o aumento do teto da dívida minaram a confiança dos empresários, afetando as contratações. Temores de que a crise da dívida na Europa deflagrasse uma recessão nos dois lados do Atlântico tiveram grande impacto nos mercados financeiros. E, para piorar, um furacão e um terremoto atingiram a costa leste do país.
Os gastos dos consumidores tiveram leve crescimento na maioria dos 12 distritos avaliados. As vendas do setor varejista não relacionadas ao setor automobilístico, no entanto, não apresentaram variação ou tiveram queda em algumas regiões, segundo o Livro Bege.
O mercado de trabalho permaneceu estável de modo geral, embora algumas áreas tenham registrado crescimento modesto no nível de emprego. As pressões sobre salários permaneceram mínimas. Muitos distritos relataram escassez de trabalhadores qualificados.
O Livro Bege diz ainda que o furacão Irene causou grandes estragos em plantações na Carolina do Norte.
O documento divulgado hoje será usado pelo Fed em sua próxima reunião de política monetária, que acontece em 20 e 21 de setembro. As informações são da Dow Jones.
Angelo Ikeda, da