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Economista pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Possui cursos de extensão pela Fundação Getúlio Vargas em Fundamentos de Estatística Descritiva e Probabilidade, Gestão de Preços, Consultoria em Investimentos Financeiros, Balanced Scorecard, Finanças Empresariais, Introdução ao Mercado de Ações a Vista, Administração Financeira / Decisões sobre Investimentos e Financiamentos, Direito Bancário, Gestão de Crédito e Risco, Direito do Seguro e Resseguro, Gestão Estratégica em Negócios Bancários, Teoria Econômica do Setor Público, Contabilidade Financeira, Projetos de Investimento Social e Série Estratégica em Finanças. Possui Certificação pela Associação Nacional dos Bancos de Investimentos CPA 10 e CPA 20. É Agente Autônomo de Investimentos credenciado pela Comissão de Valores Mobiliários do Brasil (CVM), certificado pela Associação Nacional das Corretoras e distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários, Câmbio e Mercadorias (Ancord). E-MAIL: daguiarsilva@uol.com.br

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

O custo da preguiça


Por Fernando Torres - Valor

A maioria das pessoas sabe que a poupança está longe de ser campeã de rentabilidade. Mas ainda assim o saldo de aplicações na caderneta soma R$ 422,4 bilhões, equivalente a mais de 10% do Produto Interno Bruto (PIB), e cresce ano após ano.

Quando as pessoas são questionadas porque resistem a buscar alternativas de melhor remuneração, as respostas mais comuns têm a ver com comodidade, falta de tempo para se dedicar às finanças pessoais, desconhecimento técnico sobre investimentos alternativos e medo de perder dinheiro em outras aplicações.

O que pouquíssimas pessoas têm o hábito de fazer é calcular quanto dinheiro elas perdem ou deixam de ganhar por conta dessa inércia. A maioria não tem noção do custo da preguiça. Cortando poucas horas de TV, videogame ou redes sociais, certamente é possível arrumar tempo para aprender algo sobre sua vida financeira, dizem os especialistas.

Alguns vão argumentar que aprender sobre investimentos financeiros leva muito tempo, dá trabalho e é difícil. E tudo isso por uma diferença de quanto na rentabilidade? De acordo com cálculos feitos por Marcelo d'Agosto, do blog O Consultor Financeiro, se observada a média dos últimos cinco anos, a poupança rendeu 0,59% ao mês e um título público pós-fixado (Letra Financeira do Tesouro, LFT), 0,71%. As contas do consultor já consideram o ganho da LFT após custos e impostos, já que estes não incidem sobre a poupança.


A diferença de 0,12 ponto percentual realmente parece pequena, o que favorece, e muito, a preguiça. Mas as pessoas ignoram o poder dos juros sobre juros, especialmente no longo prazo.

Numa simulação considerando essa rentabilidade, alguém que aplicasse R$ 100 mil na poupança, reservados para sua aposentadoria, teria acumulado R$ 831 mil após 30 anos. Se a opção fosse pelo título público, o valor acumulado chegaria a R$ 1,277 milhão. A diferença entre as aplicações, portanto, é de R$ 445 mil.

Será que se a pessoa soubesse que ela pode perder quase meio milhão de reais por uma única decisão de investimento ela dedicaria algumas horas do dia a cuidar das suas finanças? Está certo que em valores de hoje esses quase R$ 450 mil representam R$ 35 mil. Mas ainda assim é o preço de um carro.

As pessoas realmente podem ter dificuldade para entender sozinhas como funciona o sistema do Tesouro Direto, que permite a compra de títulos públicos pela internet, a um custo reduzido.

Os nomes dos títulos públicos formam uma sopa de letrinhas para enlouquecer qualquer um. Mas cabe avaliar, por exemplo, se pagar um consultor financeiro para ajudar na aplicação pode ser um custo que valha a pena, considerando os resultados.

Uma outra opção que pode gerar economia para quem tem pouco tempo é dedicar um cuidado maior à pesquisa de fundos de investimento conservadores com taxas baixas, deixando a escolha da alocação da carteira a cargo de um gestor de recursos.

Outro momento crítico da vida em que vale a pena deixar a preguiça de lado é o de se tomar um financiamento imobiliário. Por comodidade, muitas pessoas acabam optando pelo banco com o qual mantém relacionamento há mais tempo ou pela instituição financeira que tem parceria com a construtora do imóvel.

Mas uma diferença de 1 ponto percentual na taxa de juros cobrada anualmente, por exemplo, pode mais do que compensar o trabalho de procurar um banco que lhe dê condições mais favoráveis de financiamento.

Se em vez de pagar 11% ao ano, o comprador do imóvel conseguir uma taxa de 10% num empréstimo de R$ 300 mil por 360 meses, a economia pode chegar a R$ 73 mil ao longo do contrato. Isso sem contar que a diferença a menos na parcela poderia ser investida.

Mas esses dois casos, da poupança para aposentadoria e do financiamento imobiliário, são apenas exemplos das múltiplas ocasiões em que a preguiça ou a inércia levam as pessoas a perder dinheiro. O que varia é o tamanho da fatura.

Dentro das menos "custosas", deixar uma conta corrente aberta por cinco anos em um banco que não se usa sai por R$ 600. Usar apenas o celular para fazer ligações, e ainda assim manter o pagamento mensal de assinatura de telefone fixo, representa um desperdício de "médio porte": R$ 3,6 mil ao longo dos mesmos cinco anos. Já deixar um apartamento de R$ 200 mil desocupado pelo mesmo período entra no grupo das decisões que têm custo maior. Considerando o aluguel não recebido, mais as despesas de condomínio e IPTU, a perda é de, no mínimo, R$ 90 mil.

Há ainda aqueles que renovam o seguro do carro sem comparar alternativas no mercado, e outros que pagam multas em contas por preguiça de colocá-las em débito automático.

A aparente irracionalidade de algumas dessas decisões financeiras encontram explicações no comportamento humano. Vera Rita de Mello Ferreira, autora do livro "A cabeça do investidor" e professora de psicologia econômica da Fipecafi, diz que todo ser vivo tem dois impulsos internos que vivem em conflito. Um é o de se manter vivo e outro de chegar ao fim da vida.

"De um lado, a pessoa busca estímulos, e até mesmo complicações. Quando surge um problema, ela quer resolver aquilo rapidamente. Do outro, se no meio do caminho ela perceber que tem uma alternativa para resolver a questão gastando menos energia, acaba optando por ela", afirma a especialista. "É a história de empurrar com a barriga. O ser vivo tenta adiar a movimentação", acrescenta Vera.

A professora diz também que as pessoas têm uma percepção vaga e distorcida da realidade. "Ela até sabe que tem uma aplicação com rentabilidade maior. Mas pensa: 'amanhã eu vou fazer'. E esse amanhã nunca chega."

A psicologia usa um palavrão para descrever isso. Trata-se do 'desconto hiperbólico do tempo'. "A gente tem uma crença infundada na nossa força de vontade futura. No presente dá preguiça. Essa é a sensação que a gente tem, de que tem outras prioridades. Mas é tudo ilusório", diz.

Segundo Vera, não é que as pessoas queiram entrar pelo cano. "A grande maioria quer acertar. O problema é conseguir realizar suas intenções. O 'eu frio' tem toda clareza do mundo de que é preciso fazer aquilo, aquilo e aquilo. Mas o lado 'quente', que executa, está sempre envolvido com outras coisas, mais fáceis, mais atraentes, mair urgentes."

Aquiles Mosca, estrategista de investimentos pessoais da Santander Asset Management e especialista em finanças comportamentais, diz que as pessoas têm dificuldade de mudar sua própria realidade, o que os estudiosos do tema chamam de 'viés de status quo'.

Ele conta que há pesquisas que indicam que 90% das pessoas que recebem uma herança tendem a manter as aplicações. Não importa se a pessoa que recebeu o dinheiro é muito mais nova e tem outro perfil de investidor e necessidades completamente diferentes daquela que morreu.

Isso é o que Mosca chama de custo da conveniência. Basta que uma conta tenha débito automático em determinado banco para que o cliente resista a pesquisar melhores condições em outras instituições financeiras, seja em serviços mais adequados ao seu perfil ou em custo de tarifas.

E isso não ocorre apenas no mundo financeiro. Com a assinatura de TV a cabo é a mesma coisa, lembra o especialista da Santander Asset Management. As operadoras oferecem um pacote com mais canais por um preço promocional nos primeiros meses. Aí a pessoa não liga para mudar o plano e acaba ficando com uma conta maior no trimestre seguinte.

Neste momento seguinte, explica Mosca, pesa um segundo aspecto da personalidade humana explorado pelo mundo corporativo: a aversão à perda. "Depois que a pessoa se acostuma com alguma coisa, ela não gosta de abrir mão daquilo. E as empresas que trabalham com amostra grátis e degustação trabalham com esse conceito."

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Os preços dos imóveis já atingiram o topo?


Exame.com
Prédios em São Paulo
Em São Paulo, valorização dos imóveis residenciais caiu de dezembro para janeiro.



Ainda é cedo para falar em desvalorização, mas parece que os preços de fato estão se acomodando. A alta valorização dos últimos quatro anos não deve permanecer, o que leva o investidor a refletir: quem tem um imóvel com o qual deseja lucrar e que tenha aproveitado a alta dos últimos tempos já pode pensar em se desfazer dele.

Quem deseja comprar a casa própria, porém, deve refletir: esperar uma desvalorização pode ser arriscado - pois não se sabe se ou quando isso deve ocorrer; por outro lado, com altas menores e sem perspectiva de novos saltos, a decisão de compra pode ser mais ponderada.

O desempenho dos imóveis residenciais, porém, varia de cidade para cidade. No Rio de Janeiro, janeiro registrou uma alta ligeiramente maior que dezembro, de 1,3% contra 1,1% no mês anterior. Já em São Paulo, a queda na valorização foi de 1,4%, contra 1,2% em dezembro. Belo Horizonte e Fortaleza registraram altas bem modestas: de 0,5% contra 0,8% em dezembro, e de 0,4% contra 0,6% em dezembro, respectivamente.

O Distrito Federal chegou a apresentar queda de 0,2% em dezembro e, em janeiro, apresentou zero de valorização. O Recife é um ponto fora da curva. Embora tenha visto uma desaceleração na valorização a partir de abril, os percentuais ainda tem sido altos em relação às demais capitais. E desde novembro, a valorização voltou a crescer. Em dezembro foi de 2,4%; em janeiro, passou para 3,4%.