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Economista pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Possui cursos de extensão pela Fundação Getúlio Vargas em Fundamentos de Estatística Descritiva e Probabilidade, Gestão de Preços, Consultoria em Investimentos Financeiros, Balanced Scorecard, Finanças Empresariais, Introdução ao Mercado de Ações a Vista, Administração Financeira / Decisões sobre Investimentos e Financiamentos, Direito Bancário, Gestão de Crédito e Risco, Direito do Seguro e Resseguro, Gestão Estratégica em Negócios Bancários, Teoria Econômica do Setor Público, Contabilidade Financeira, Projetos de Investimento Social e Série Estratégica em Finanças. Possui Certificação pela Associação Nacional dos Bancos de Investimentos CPA 10 e CPA 20. É Agente Autônomo de Investimentos credenciado pela Comissão de Valores Mobiliários do Brasil (CVM), certificado pela Associação Nacional das Corretoras e distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários, Câmbio e Mercadorias (Ancord). E-MAIL: daguiarsilva@uol.com.br

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Riscos de Mercado X Perfil do Investidor - Motivos que levam os investidores a terem aversão ao risco

          Os riscos estão presentes em todas as atividades humanas, sejam elas quais forem. Dessa forma eles não são exclusivos do mercado financeiro. Todas as atitudes tomadas cotidianamente pelas pessoas estão envoltas pelo risco – tão melhores forem os benefícios nelas envolvidos, maiores serão os riscos. Não é por nada que sempre se vê nos noticiários do mundo dos negócios que menos de 20% das empresas criadas conseguem sobreviver saudavelmente por mais que cinco anos.
       Embora os riscos estejam presentes em todas as atividades humanas e não são exclusividades do mercado financeiro, é justamente neste que eles são mais visíveis e notórios. Em primeiro lugar, porque devido à regulamentação e à tecnologia, o mercado financeiro é líquido e transparente, o que faz com que os preços impactem imediatamente na demanda e na oferta de títulos; em segundo lugar, porque as instituições financeiras e os demais participantes do mercado operam sempre alavancados, ou seja, assumem posições de riscos muito maiores do que o seu patrimônio; e em terceiro lugar porque problemas de inadimplência no mercado financeiro tendem a ter “efeito cascata”, gerando ou aumentando as crises financeiras, e ainda potencializando o risco sistêmico.
            Os quatro principais grupos de riscos são: riscos de mercado; riscos operacionais; riscos de crédito e riscos legais. Dentro de cada um desses grupos há uma série de características dinâmicas que os determinam e os integram. Dessa forma, os investidores tendem a ter aversão ao risco, uma vez que ele permeia todas as oscilações do mercado. Com isso a maioria das pessoas se agarra à segurança como se ela fosse a coisa mais importante do mundo, já que ela proporciona uma sensação de tranquilidade e faz com que a pessoa se sinta protegida.
          O investidor típico é avesso ao risco, e havendo escolha, o ele vai sempre preferir ganhar mais arriscando menos. Porém, a regra básica é: “taxas de retornos maiores para assumir riscos maiores”. Com base na assertiva “tão maior o risco, maior o retorno”, ao se afirmar que “por ganância, os investidores querem ganhar mais quando arriscam mais”, comete-se um equívoco. Ora, há algum sentido em ganhar menos quando se arrisca mais? Não se pode dessa forma julgar como ganância a atitude do investidor nesse caso, seria mais sensato afirmar que arriscando mais, o retorno certamente será maior. A ganância pode existir no momento da aplicação, mas não na esperança de altos retornos após correr altos riscos.
            Ao se deparar com situações de perdas no mercado financeiro é que se desenvolve com ainda mais vigor a aversão ao risco. Assim o indivíduo tende a entrar no mercado desconfiado e, já nas primeiras perdas nem pensa muito antes de resgatar imediatamente a aplicação. São investidores neófitos, que quando não triplicam suas aplicações logo no primeiro ano já entram em estado depressivo e optam por deixar o mercado financeiro, permeando informações descabidas entre o senso comum. Com base nessas iniciativas as pessoas ficam ainda mais avessas.
           Asseverar que “o risco é fictício, já que os investimentos com risco têm retorno maior” também faz parte de outro grande equívoco em relação à racionalidade do mercado, uma vez que os riscos têm tamanhos, ainda que difíceis de se mensurar, que podem gerar retornos proporcionais. Tanto é falsa a assertiva que mesmo que fossem aplicadas altas quantias na poupança, que está hoje está entre um dos investimentos mais seguros do mercado e de baixo retorno e, caso houvesse um grande colapso econômico com risco sistêmico no país, talvez nem o Fundo Garantidor de Crédito (FGC) conseguisse honrar com todos os seus compromissos. Caso o fizesse, a garantia seria de apenas um percentual da aplicação, percentual esse que numa situação de estagflação (inflação com recessão) e dependendo da conjuntura econômica, não teria mais o mesmo valor aquisitivo de antes.
           Seria incoerente por demais aceitar um retorno constante a qualquer nível de risco. Para que o investidor atinja sempre o mesmo retorno, deve ele então aplicar suas reservas em investimentos de baixo risco, que de tão baixo, permanece quase que constante, sendo mais previsível. Dessa forma, seria inadmissível obter a rentabilidade da poupança, no longo prazo, em um fundo atrelado a ações.

           Contudo, exatamente porque o risco é baixo é que o retorno é igualmente baixo. À cata de melhores resultados pessoas de ânimo aquisitivo maior e pouco avessas ao risco aplicam seu dinheiro em modalidades mais arriscadas de investimentos. Algumas fazem sem admitir que estão assumindo riscos e nem tampouco especulando – estão investindo. Fazem como se agissem com prudência e sensatez, mesmo se não o for, não conseguem manter a sensação de aplicar R$ 100,00 no dia 1º de janeiro e resgatar no dia 31 de dezembro do mesmo ano a quantia média de R$ 105,00 – não conseguem ter prazer nisso, nem mesmo se aventurar. Parece mau negócio.
           Por fim, o risco existe e está sempre presente. Perante a isso cada investidor tem o seu perfil, e o mercado responde com eficiência a essa demanda, disponibilizando modalidades de investimentos das mais moderadas às mais agressivas, para todos os tipos, até mesmo porque ele sabe que é intrínseco ao ser humano a necessidade de se defender, principalmente quando se trata de suas finanças pessoais.


(DANIEL AGUIAR)

FONTE:

DUARTE JUNIOR, Antônio Marcos. Gestão de Riscos Para Fundos de Investimentos. São Paulo: Prentice Hall, 2005.
GUNTHER, Max. Os Axiomas de Zurique. Rio de Janeiro: Record, 2008.

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