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Economista pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Possui cursos de extensão pela Fundação Getúlio Vargas em Fundamentos de Estatística Descritiva e Probabilidade, Gestão de Preços, Consultoria em Investimentos Financeiros, Balanced Scorecard, Finanças Empresariais, Introdução ao Mercado de Ações a Vista, Administração Financeira / Decisões sobre Investimentos e Financiamentos, Direito Bancário, Gestão de Crédito e Risco, Direito do Seguro e Resseguro, Gestão Estratégica em Negócios Bancários, Teoria Econômica do Setor Público, Contabilidade Financeira, Projetos de Investimento Social e Série Estratégica em Finanças. Possui Certificação pela Associação Nacional dos Bancos de Investimentos CPA 10 e CPA 20. É Agente Autônomo de Investimentos credenciado pela Comissão de Valores Mobiliários do Brasil (CVM), certificado pela Associação Nacional das Corretoras e distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários, Câmbio e Mercadorias (Ancord). E-MAIL: daguiarsilva@uol.com.br

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Ganhou R$ 85 milhões na Mega-Sena? E agora?

Virar milionário de uma hora para outra é um desejo compartilhado por todos. Para alguns, isso se torna realidade, e aí é hora de preocupar-se em não desperdiçar o que a sorte trouxe. Um novo formato de entregar o prêmio - parcelado anualmente com correções monetárias, pode ser um caminho para a educação financeira.
Por Raymundo Magliano Neto

Imagine-se conferindo os seis números sorteados da Mega-Sena e sua expressão de “não estou acreditando!”. Depois de acreditar, a caminho da Caixa Econômica Federal com o bilhete premiado em mãos, você só consegue pensar: “E agora? O que fazer?” Milhões de pessoas, as que apostam e as que não apostam, já fizeram planos mirabolantes com o mega prêmio. Resolver a vida de muita gente, viver de renda, investir, abrir um negócio próprio, comprar casa para cada um da família... A lista segue. O dinheiro, de tão surreal, é interminável enquanto ocupa espaço na categoria dos sonhos.

O fato é que a Mega-Sena pode se tornar realidade. Para poucos, é certo, mas um dia acontece. E neste dia, quando o sujeito está diante da decisão do que fazer com seus milhões recém-chegados, sem manual de instrução, bate aquela insegurança. Ou pior, a alucinada segurança excessiva. E agora, pedir demissão? Viajar enquanto pensa na nova realidade? Tentar manter o sangue frio, voltar para casa e seguir a vida normalmente para não levantar suspeitas? O que fazer? Alguém que vira milionário do dia para a noite saberá responder como resolver este problema?

No início de 2008, o senador Heráclito Fortes (DEM-PI) arriscou uma resposta. Encaminhou projeto de lei sugerindo que os prêmios das loterias administradas pela Caixa Econômica Federal fossem pagas em parcelas trimestrais atualizadas monetariamente, acompanhadas de orientação financeira sobre o uso do dinheiro. O argumento era baseado na segurança dos ganhadores após um histórico de supostos sortudos que levaram o prêmio e perderam a vida por se tornarem alvos-fáceis de crimes e golpes. Além daqueles que gastam como se continuassem no sonho despido de lucidez que todos nós, uma vez na vida, já vislumbramos – gastar, gastar e gastar. Resultado: não sobra um centavo como testemunha da bolada que integrou um dia. Apesar de criar discussão acerca do tema, o projeto não passou de uma polêmica.

Olhando por cima dos nossos muros, vemos que, nos Estados Unidos, antes mesmo de se lançar a sorte, o apostador precisa tomar a primeira decisão: caso vencedor, deseja receber à vista ou à prazo? No Brasil, fazer uma pergunta destas soaria como pegadinha. Mas por trás da piada, uma reflexão mais aprofundada leva a uma simples resposta – educação financeira.

Na Powerball (loteria mais importante dos Estados Unidos), supondo que um ganhador tem o valor de US$ 10 milhões a receber e optou pela série de pagamentos anuais quando comprou o ticket da aposta, vai receber 26 pagamentos que somam o valor total. Para garantir fundos para os pagamentos, a Loteria de Nova York compra Títulos Especiais do Tesouro Americano e, a cada vencimento anual, o dinheiro é automaticamente depositado na conta corrente da Loteria de Nova York, que emite o cheque ao vencedor. Em geral, o pacote de 25 títulos acaba custando para a Loteria de Nova York um pouco menos do que metade da quantia do prêmio.

Comparar os sistemas norte-americano e brasileiro talvez não seja a solução, mas usar o exemplo para adaptar à realidade nacional pode tornar a loteria mais um meio de transformar a relação da população com o dinheiro. Para incentivar o interesse pela gestão eficiente da fortuna recém-chegada, no Brasil, uma proposta viável seria de propor um desconto no valor recebido em caso de pagamento à vista pela Caixa Econômica Federal. O dinheiro descontado poderia ser acrescido ao prêmio do próximo sorteio. Caso o sortudo optasse por receber ao longo do tempo, o prêmio viria no valor integral ajustado monetariamente, mas em parcelas anuais durante uma década, por exemplo.

Mesmo que não haja interesse do sujeito em aproveitar as oportunidades de educação financeira disponíveis, inevitavelmente, ele aprenderia com os próprios erros. Se no primeiro ano gastasse toda a quantia da primeira parcela com extravagância, teria a segunda chance para administrar a próxima. Serão 10 chances e quanto antes aprender, mais preservada fica a fortuna. Falo aqui de uma educação financeira forçada. Mas, se junto com as parcelas, optar por cursos e palestras para conhecer as possibilidades de investimentos, ferramentas, ganhos e perdas, talvez encontre aí o manual de instrução que nenhum ganhador da Mega-Sena, até hoje, teve acesso.


Raymundo Magliano Neto
Diretor da Expo Money, é economista formado pela FEA-USP (Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo), com MBA de Finanças no Ibmec (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais) e Relações com Investidores na Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras).

OBS: As informações da reportagem são baseadas na opinião do especialista entrevistado. Saiba mais  
DISPONÍVEL EM: http://www.expomoney.com.br/newsnova/materia.asp?rregn=391&orig=eml

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